quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Homens já se atrevem a ter profissões de mulheres por HELENA NEVES 08 março 2009
Trabalho. Empregos em Portugal ainda são divididos pelo sexo Trabalhou nas obras e até vendeu peixe, mas agora é 'manicure' Manuel e Henrique são dois dos homens que em Portugal se atreveram a escolher profissões até à pouco tempo dominadas por mulheres: um é manicure e outro educador de infância. Aos 28 anos, Manuel Varela, desafiado pela mulher, começou com sucesso a arranjar unhas. Apesar de, inicialmente, ter achado uma ideia "disparatada", por considerar que "não era um trabalho adequado para homens", agora defende-a com orgulho e diz que é a profissão da sua vida. Quando iniciou o curso de Manicure, Manuel era o único aluno no meio de tantas mulheres. "No início do curso achavam estranho estar lá um homem, mas depois começaram a achar normal e, apesar de gozarem, ajudavam bastante", contou, admitindo também que nunca se sentiu incomodado. Vindo de Cabo Verde para Portugal aos cinco anos, começou a trabalhar aos 18. Trabalhou nas obras, vendeu peixe, pintou barcos e foi motorista, mas confessa que, inconscientemente, sempre teve um cuidado especial com as mãos. "Sempre usei luvas para trabalhar, fosse nas obras, a vender peixe ou a pintar barcos. Era para as mãos não gretarem." O manicure da Amadora confessa que nunca fala da sua nova profissão aos amigos e por vezes até os desafia a adivinharem o trabalho que faz, mas até agora nunca acertaram. O jovem de 31 anos dá sempre conselhos às suas clientes e admite que a sua cor preferida é o vermelho, porque "fica muito bem nas unhas". Por outro lado, Henrique Santos, de 37 anos, há 15 que luta contra o instinto maternal das colegas de trabalho, para provar a sua capacidade como educador de infância. Henrique foi o segundo homem a tirar o curso de Educação de Infância na Escola Superior de Educação de Lisboa, mas continuam a ser poucos os que se aventuram numa carreira ocupada em 97,2% por mulheres. Há dois anos que Henrique trabalha num jardim-de-infância da rede pública, na Póvoa da Galega, concelho de Mafra, e confessa que nem tudo foi fácil. "Tive sempre de provar e comprovar que as minhas opções pedagógicas tinham alguma razão de ser e que eram coesas, concretas e justificadas", disse. O educador contou que no início da sua formação as colegas tinham a ideia de que era "favorecido" por ser homem, mas Henrique sempre pensou o contrário e que pagou por não ter o "instinto maternal" da maioria das colegas. Com alguma mágoa recordou os tempos de estudo: "Tive algumas dificuldades e tive momentos no curso em que senti que havia uma espécie de esforço conjunto dos professores para nos empurrarem para fora." Se Manuel e Henrique se atreveram a entrar em profissões tipicamente femininas, as mulheres também estão a ganhar terreno aos homens em muitas profissões. E já entraram em domínios masculinos: entre eles a estiva e o trabalho em minas . LUSA

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